União de dois seres

As pessoas nascem como a forma de semente, grão. Podem permanecer fechadas ou não. Podem desabrochar ou não. Podem querer crescer ou não. Podem se expor ou não. É sempre uma escolha de vida.
Ser semente ou desabrochar e ser uma flor tem suas vantagens e desvantagens. E uma decisão pessoal se abrir ou não. Ser grão, semente, por exemplo, tem mais proteção, mas ao se manter fechado em si mesma, enclausurado, não se permite conhecer todo o seu próprio potencial.
Muitas vezes, insistimos em ficar fechados, como semente, para nos mantermos seguros, como se fosse um ninho e evitamos contato com tudo que se pode parecer uma ameaça, incluindo as pessoas. Isso pode acontecer com as pessoas, quando ao longo de suas vidas, foram vivenciadas experiências desagradáveis, traumas, onde o medo de sofrer predomina e, consequentemente, nos afastamos ainda mais de nós mesmos e de ter experiências prazerosas.
Como duas sementes ou dois grãos se relacionam?
As duas sementes podem ficar só no relacionamento superficial, sem se expor, sem se envolver mais profundamente. Isso porque com o contato maior, as pessoas vão se conhecendo e se descobrindo e torna-se “arriscado”, pois passa-se a surgir o medo como: fulano (a) sabe tudo de mim, e agora o que ele (a) vai pensar, o que pode fazer comigo? Como consequência dessas situações, ficamos com medo de nós relacionar e, assim, não vivemos esse nível de descoberta.
Observamos a todo momento, uniões, casamentos onde as pessoas convivem ou conviveram tanto tempo juntos e não se conhecem ou se conheceram. Parecem dois seres estranhos, mesmo convivendo debaixo do mesmo teto.
Desabrochar deve ser espontâneo e, como temos colocado, o requisito básico é relacionar-se primeiro consigo mesmo, amar-se. Cada ser ao florescer vai se transformando, naturalmente, e você passa a se relacionar com tudo ao nosso redor: pessoas, animais, vegetação etc.
Quando existe a vontade de desabrochar em conjunto, a dois, o resultado é uma troca imensa, onde ambos crescem.
Quando se permite o desabrochar mútuo, do casal, o relacionamento afetivo torna-se um processo de envolvimento que, com o passar do tempo, vai se aprofundando. Cada vez mais um conhece o outro e ambos vão se descobrindo e vai aumentando, gradativamente, a intimidade. Vai se tornando cada vez mais fundo, tem-se uma maior ligação. Amplia-se a compreensão entre o casal e o centro de cada ser vai se encontrando, tornando-os mais e mais próximos. Nesse caminhar o medo vai desaparecendo; A união, a cumplicidade e a confiança vão surgindo.
Isso é amor. É o encontro de dois centros, cada qual respeitando suas individualidades. Algo profundo, diferente de uma relação superficial.
Quando a mente e o coração estão isentos do medo, temos troca, confiança, generosidade, compaixão e amor.
Ivany Pereira