As mulheres tornam-se visíveis.

Ao despertar o conhecimento do universo feminino, notamos várias características que chamam nossa atenção e que no dia a dia passam desapercebidas. Observamos diversos fatores que contribuíram e, ainda, contribuem para as mulheres se tornarem invisíveis, tais como:
Em muitas sociedades, o silêncio das mulheres faz parte da ordem das coisas: “Que a mulher conserve o silêncio”. Sua fala em público é indecente.
Pouco se falava delas ao longo das civilizações. Eram pouco vistas e notadas. Aparecer em público causava medo.
O corpo da mulher amedronta sendo preferível que esteja coberto de véus.
Nas crônicas medievais e nas vidas de santos, fala-se mais de santos do que de santas. Os santos agem, evangelizam, viajam. As santas preservam sua virgindade e rezam.
Com o casamento, em várias regiões, as mulheres perdiam seu sobrenome. Os homens são indivíduos, pessoas e trazem sobrenomes que são transmitidos. As mulheres têm apenas nomes.
As mulheres deixaram pouco vestígios diretos, escritos ou materiais, porque seu acesso à escrita demorou acontecer. E, ainda, aquelas que escreviam cartas ou seus diários, depois os destruíam desaparecendo suas memórias, o seu jeito de ser. Queimar papeis na intimidade do quarto era um gesto clássico da mulher idosa.
Suas produções domésticas são rapidamente consumidas ou facilmente dispersas, como: preparar as refeições, cuidar filhos, do lar e dos afazeres domésticos, dedicar-se ao artesanato ou a qualquer outra atividade sem relevância econômica. Muitas vezes, elas mesmas destroem e apagam esses vestígios, porque julgam que ninguém se interessará. As próprias mulheres se desvalorizam. Afinal, são apenas mulheres e suas vidas não contam muito.
Nos estudos de estatísticas não se mencionava o sexo. É recente separar os dados estatísticos por sexo, porque não se falava das mulheres. Isso, também, passou a acontecer devido à solicitação de sociólogas do trabalho feminino.
No caso de greves mistas (homens e mulheres) ignora-se, quase sempre, o número de mulheres. Normalmente, a forma que elas se manifestam para intervenção em grupo é na qualidade de mães, guardiãs dos alimentos, da vida. Essas mulheres podem ser taxadas de: megeras, histéricas (ao soltar o menor grito) ou de mulheres de aspecto e atitudes masculinizadas.
Ao estudar sobre a história das mulheres tem-se dificuldade de documentos, pois frequentemente ela é apagada e seus arquivos destruídos. Esses fatos ajudam a explicar a falta de escritos, informações sobre sua história real, dentro de seus lares, das suas atividades e intimidade.
Temos ainda um dado curioso, pois a própria gramática contribui para isso. Quando há mistura de gêneros (feminino e masculino juntos), usa-se o masculino no plural. Assim, por exemplo, ao falarmos: Ele e ela irão ao teatro, será dito: eles irão e não elas irão.
Será que ainda hoje, estamos repetindo as mesmas situações e deixando para trás nossas memórias, nossa história? Vamos mudar isso!